Goiânia (GO) - 24-09-15
Assuntos: filiação do vice-governador de Goiás, impeachment, crise econômica e política, Lula
Trechos da entrevista
Sobre filiação do vice-governador de Goiás ao PSDB
O
PSDB vive um extraordinário momento porque cada vez mais a população
brasileira percebe que somos a principal alternativa hoje no Brasil para
colocar fim a este ciclo perverso do governo do PT, que tantos males
vem trazendo aos brasileiros. E o PSDB tem o dever, além de criticar, de
denunciar as incorreções e os equívocos deste governo, de apresentar
caminhos para o futuro, não apenas de Goiás, mas do Brasil. E em Goiás,
por termos aqui uma das principais lideranças políticas do país, que é o
governador Marconi Perillo, um dos homens mais importantes nas decisões
do PSDB, aqui é muito importante que nos fortalecemos cada vez mais.
A
presença do vice-governador e de inúmeras outras lideranças que também
têm chegado ao PSDB, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, é a certeza
de que, não apenas no estado de Goiás, vamos por muito tempo ainda
ajudar no desenvolvimento. A certeza de que vamos nos fortalecer para
dentro de algum tempo iniciarmos um novo ciclo no Brasil. Um ciclo
virtuoso dessa vez, onde a ética e a eficiência possam caminhar juntas.
Sobre possibilidade do impeachment da presidente da República.
O
nosso papel como oposição é o de fiscalizar. Nosso papel é de garantir
que as nossas instituições, como por exemplo, o Tribunal de Contas, o
Tribunal Superior Eleitoral, o Ministério Público, façam o seu trabalho.
Porque a lei no Brasil é para todos. Desde o vereador do menor
município de Goiás ou do Brasil têm de cumprir a lei. Assim como tem de
cumprir a presidente da República.
Se
obviamente constasse amanhã que ela descumpriu a Lei de
Responsabilidade ou que eventualmente, como discute e investiga hoje o
Tribunal Superior Eleitoral, foi utilizado dinheiro da corrupção da
Petrobras para sua eleição, obviamente, ela tem de responder por isso.
Não pré-julgamos. Não decidiremos qual será o desfecho para esta
gravíssima crise. Caberá ao governo e a presidente da República
demonstrar que têm condições de continuar governando o Brasil.
A
realidade, e nós a constatamos a cada dia, é uma fragilização crescente
do governo. Estamos vendo hoje o dólar já a R$ 4,20, mais de 1,5 milhão
de postos de trabalho de carteira assinada fechados apenas este ano.
Juros na estratosfera, o que inibe também a própria retomada do
crescimento. Inflação tirando da mesa das famílias brasileiras aquele
prato de comida que a presidente e a propaganda enganosa do PT diziam
que os adversários iriam tirar durante a campanha eleitoral.
Sobre ex-presidente Lula
Hoje,
o presidente Lula deu uma declaração que está estampada nos jornais,
uma declaração atribuída a ele de que é preferível perder os ministérios
do que perder a Presidência da República, referindo-se à entrega, a
esse balcão de negócios à luz do dia que se estabeleceu no Palácio do
Planalto. Quero responder ao ex-presidente da República para dizer que
muitas vezes é preferível perder a própria presidente da República do
que perder a dignidade.
O
que o governo se dispõe a fazer neste instante entregando áreas
essenciais de governo à vida dos brasileiros, como por exemplo, o
Ministério da Saúde e o Ministério da Infraestrutura, para citar os que
estão hoje nos jornais, em troca de 20 ou 30 votos no Congresso Nacional
é, na verdade, um desrespeito à população brasileira. Fazer a reforma
administrativa, enxugar ministérios como propúnhamos durante a campanha
eleitoral, deveria ter como lógica, como norte, a melhoria da qualidade
do serviço público. Novas metas, gente qualificada, gente preparada para
que a saúde melhore, para que a educação melhore, para que a segurança
pública melhore.
Enxugar
ministérios e fazer trocas com a lógica única e exclusiva de se manter
por mais uma semana no governo, a meu ver, é um retrocesso e o Brasil
não merece mais viver. Portanto, é preciso que fiquemos muito atentos,
porque a fragilidade do governo é tão grande que o plano da presidente
Dilma Rousseff para o Brasil é apenas um, se manter no governo pelo
menos mais uma semana. E assim sucessivamente.
O sr. defende a realização de novas eleições caso a presidente sofra impeachment?
O
calendário eleitoral está previsto para termos eleições de governador,
de presidente da República em 2018. Se hoje há dúvidas - e
essa dúvida não é das oposições, está hoje na mente de milhões e
milhões de brasileiros - sobre a sua capacidade de continuar no governo,
é em razão da sua fragilização, de terem vendido a alma para vencer as
eleições, de ter mentido de forma reiterada durante a campanha
eleitoral, de ter deixado de tomar medidas - e alertávamos para a
necessidade dessas medidas - que teriam minimizado os efeitos da crise
para os trabalhadores, para as famílias brasileiras, com menos
desemprego, portanto, com mais atividade econômica. O governo não.
Mesmo consciente da gravidade da crise optou por retardar as medidas,
por maquiá-las, portanto, optou por dizer aos brasileiros, vender aos
brasileiros um Brasil cor de rosa que já não existia.
Hoje,
sem qualquer constrangimento, sem fazer a menor mea culpa, a presidente
transfere a responsabilidade pelos seus equívocos e as
irresponsabilidades do seu governo para os cidadãos brasileiros através
de aumento de carga tributária e de supressão de direitos trabalhistas.
O
desfecho dessa crise será dado sempre dentro do que prevê a
Constituição. Mas repito como presidente do PSDB, a lei é para ser
cumprida por todos. Não podemos garantir um salvo conduto para a
presidente da República. Senão vamos dizer o seguinte: daqui para frente
a presidente não precisa cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, pode
utilizar dinheiro de propina para vencer as eleições, pode submeter as
empresas estatais ao seu projeto de político de poder. Não, isso não
podemos permitir que ocorra.
Portanto,
vamos garantir que nossas instituições funcionem. Não vamos pré-julgar
e, obviamente, qualquer que seja a decisão da Justiça e, obviamente, em
última instância, do Congresso Nacional, ela terá que ser cumprida.